“Andar por muitos quilômetros, como um peregrino, pode ser uma maneira de fazer as pazes com sentimentos doídos e profundos. No trajeto, o corpo cansa, a cabeça amansa e o coração acalma”.
PERDI MINHA MÃE no dia 26 de janeiro deste ano. Depois que o vazio e a dor se acalmaram um pouco, senti muita necessidade de conversar com alguém lá de cima e expulsar os sentimentos ruins que estavam dentro de mim. Precisava de isolamento, ficar longe da rotina para me ocupar de mim. Muito movida por isso decidi, em julho, seis meses depois que ela se foi, encarar uma peregrinação, como muita gente chama esse tipo de jornada. Em geral, as pessoas optam pelo Caminho de Santiago de Compostela, mas é possível realizar isso por aqui, na rota conhecida como Caminho do Sol. Eu poderia buscar formas mais brandas ou mais fáceis, afinal foram 11 dias de caminhada (a pé) no meio do nada — alguns poucos trechos eram urbanos — percorrendo 219 quilômetros, exposta ao sol e ao frio do inverno. Escolhi uma atividade que ocupasse a mente com o desafio de chegar, cansasse o corpo e fosse uma opção no Brasil, mais precisamente no interior de São Paulo. Naquele momento, eu não estava preocupada em fazer turismo ou me preocupar com outro idioma. Queria apenas seguir a seta amarela. Eu precisava justamente me livrar das amarras, pois qualquer dificuldade me faria desistir ou adiar.
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